Espaço do desejo parece-me paradoxal. Contudo, a vida, fora do biológico, é um fluxo de interação para preencher esse espaço. Após um percurso de carreira acadêmica, chegando ao último nível, e dele abdicar de novas incursões, o desejo impõe-se como uma ocupação desse espaço movente do que é a vida. Ocupação que duela para não invadir espaços da vida cotidiana, o prazer da escrita, da leitura e os gestos de renúncia das vaidades sociais. As horas de vida foi e é possível pelo encontro com outro objeto, após o saldo de experiências com a educação. Assim, a literatura como ofício, desejada bem antes do espaço herdado da finalização de um ciclo, inaugurou contextos de interações e produções de sentidos que amalgama o tecido do próprio viver.