Escrever não é uma tarefa fácil. Até escritores renomados e com bastantes publicações revelam dificuldades diante da folha em branco. Para além da questão das diversas atribuições inerentes que cada um precisa encarar no dia a dia, a escrita convoca cada escritor a se deixar afetar por um processo inventivo. Em psicanálise, então, a dificuldade aumenta: não é com boa técnica que se escreve um bom texto. Sabemos que ao escrever, algo circula e ultrapassa a dimensão de uma simples mensagem. Foi assim que Lacan nos ensinou em seu texto “O seminário sobre ‘A carta roubada’”, ressaltando que la lettre[1] não tem importância pelo que diz, mas como testemunho do dizer.
E é assim que o boletim Desidério mostra a sua cara – a partir da coragem de nossos escritores que, através de textos e vídeos, publicizam um dizer, instigando uma discussão preparatória para a nossa Jornada.
Nesta edição, contaremos com um vídeo orientador do nosso convidado Fabián Naparstek. Animado pela canção de Cazuza e pelo argumento da Jornada, ele dá diretivas para uma elaboração coletiva sobre o desejo, aquecendo, assim, os motores para os dias 3 e 4 de novembro.
Na rubrica “Lampejos”, contamos com textos de associados do Instituto de Psicanálise da Bahia (IPB). Rogério Paes Henrique e Tânia Porto se ocupam da disciplina do comentário e, a partir de importantes citações de Lacan, elaboram sobre o desejo e sua relação com o Outro e o objeto a. Graziela Pires e Rafael Chaves nos presenteiam com seus textos, frutos da apresentação em uma de nossas preparatórias.
“DesejAR-TE” é a rubrica que joga nossa discussão na cidade, articulando com as artes e com temas que pululam fora de nosso campo, possibilitando um rico intercâmbio. Nesta edição, contamos com um vídeo instigante sobre o candomblé acompanhado do texto de Liliane Sales, associada do IPB.
Além do mais, seguimos a investigação sobre o que mantém a Escola de Lacan viva. Desse modo, nesta edição contamos com vídeos bastante elucidativos dos membros Tânia Abreu e Rômulo Ferreira.
Para finalizar, disponibilizamos um rico trabalho realizado pela subcomissão de bibliografia, que nos apresenta as referências bibliográficas de Lacan, norte de elaboração da pesquisa sobre o tema das Jornadas.
Com a trilha sonora de Maria Bethânia cantando “Borandá”, convido cada leitor a fazer uso deste Desidério e pôr algo de si naquilo que lê.
Axé!