O Bilhete Clínico: uma escrita para fazer ver
A proposta do Bilhete Clínico inscreve-se na rubrica JORNADAS CLÍNICAS , espaço concebido como um verdadeiro mosaico de ideias, onde se começa a aquecer as turbinas da nossa Jornada.
Entre linhas e palavras, entre escuta e escrita, entre leitura e restos — é nesse entre que se desenha o Bilhete Clínico. Trata-se de uma escrita breve, ao modo da entrevista preliminar que, ENTRE VISTAS, recolhe o que se deixou marcar, escrever, equivocar.
Se, como nos ensina Lacan, toda entrada em análise é precipitada por um ponto de opacidade — por um não-saber que se encarna em uma pergunta —, o Bilhete Clínico se oferece como esse ponto de partida. Seja um recorte de caso, uma cena de filme, uma frase de livro, uma imagem ou som que reverberou, o que ali se propõe não é ilustrar conceitos, mas extrair efeitos clínicos e de transmissão que nos ajudem a pensar a atualidade da práxis.
A aposta dessa escrita é a de fazer emergir o singular do caso a caso, na medida em propõe circunscrever um real — a redução, o corte e sua consequência na experiência analítica.
Este pequeno artefato discursivo não busca converter-se em um saber aplicado universalmente, mas, antes, instaurar um vazio fecundo que nos convoque ao trabalho. Que ele possa, assim, desencadear o desejo de saber, o desejo de ler, o desejo de escrever…