
EXTRA 005 – OUTUBRO 2024
EDITORIAL
Julia Solano (EBP/AMP)
Nesta edição extra compartilhamos com vocês os textos produzidos pelos Grupos de Trabalho que tanto animaram a nossa discussão durante os preparativos das Jornadas, compartilhando conosco escritos e elaborações, muitas delas publicadas neste Boletim. São eles: apaixão e seus efeitos na clínica das psicoses, produzido pelo GT coordenado por Célia Salles; Uma “Douta Paixão” e os afetos na experiência analítica e a paixão do analista, produzido pelo GT coordenado por Mônica Hage; A paixão na experiência analítica: manejos e arranjos, produzido pelo GT coordenado por Sônia Vicente e Os usos do humor na experiência analítica, produzido pelo GT coordenado Tânia Abreu.
Lembro que estes textos que aqui aparecem na íntegra, serão apresentados na sua versão resumida, nas plenárias que acontecerão durante as jornadas, no dia 26 de outubro. A discussão promete!
Boa leitura!
Os textos que vocês poderão ler agora serão o pilar de cada uma das quatro plenárias das XVIII Jornadas da Escola Brasileira de Psicanálise-Seção Bahia e das XXIV Jornadas do Instituto de Psicanálise da Bahia. Eles marcam uma inovação no funcionamento de nossas Jornadas anuais. Pela primeira vez as plenárias vão apresentar um trabalho desenvolvido por meses, criados em quatro grupos de trabalhos que reuniram mais de 40 pessoas ligadas à Escola e ao Instituto. Transferência de trabalho, importante marcar. Ela somente é possível quando um grupo não é ordenado em torno de uma enunciação feita pelo mestre. No caso, os coordenadores não ocuparam essa função, eles foram causadores e catalisadores do modo como cada um dos participantes se deslocou do um de sua enunciação subjetiva para o múltiplo da elaboração de um texto comum, ou seja partimos do um para o Um. Outra inovação é que cada GT foi instado a convidar um êxtimo, um colega da Associação Mundial de Psicanálise de outra Escola, para aportar um dizer fora do grupo. O resultado é esse potente conjunto teórico sobre as Paixões do Falasser com mais de sessenta páginas. Os quatro textos não serão lidos, apenas breves pontuações que possam abrir os debates de cada plenária. Contamos com sua participação, leitor, para animar esse debate. Ele será tanto mais rico quanto maior for o número de inscritos que previamente possam ler os textos, nos ajudando a decantar os mistérios e os semblantes que animam as paixões. Boa leitura!
Marcelo Veras (AME EBP/AMP)
Coordenador da Comissão Científica das Jornadas
GT 1: apaixão e seus efeitos na Clínica das Psicoses
Coordenadora: Célia Salles (EBP/AMP)
Êxtimo: Fabián Schejtman (EOL/AMP)
Relatores: Camilla O. Costa (IPB)
Marcelo Antonio do Passo Magnelli (EBP/AMP)
Paulo Fernando Dantas (IPB)
Participantes: Cláudio Melo (IPB)
Conceição Andrade (Núcleo Psicanálise e Feminino)
Graziela Vasconcelos (IPB)
Maria Cristina Maia Fernandes (EBP/AMP)
Marília Santiago (NPJ)
Nelson Matheus (NPJ)
(a)paixão do Parlêtre – uma tarefa jubilatória
Um instante. Depois outra coisa. A tarefa jubilatória marca e circunscreve um momento de chegada no qual a criança emergida em completa debilidade motora e linguística encontra-se com sua imagem e pode dar a si uma unidade, um cobrimento totalizante. Um instante de encontro e essa paixão revela sua intensidade. A ordem imaginária confere ao simbólico seus efeitos, seu sucesso e seu perigo. Lacan destaca que nesse instante uma matriz simbólica se manifesta. O júbilo como instante de (a)paixonamento do parlêtre traduz a ambiguidade da ilusão de completude com o encontro com o furo da linguagem. Nesse encontro revela-se um desconhecimento do real.

GT 2: Uma “Douta Paixão” e os afetos na experiência analítica
Coordenadora: Mônica Hage (EBP/AMP)
Colaboradora: Fátima Sarmento (AME EBP/AMP)
Êxtimo: Gerardo Arenas (EOL/AMP)
Relatores: Fátima Sarmento (AME EBP/AMP)
Julia Solano (EBP/AMP)
Participantes: Alice Munguba (IPB)
Carla Fernandes (EBP/AMP)
Graziela Pires (IPB)
João Klaus Seydel (IPB)
Kleyanne Lima (IPB)
Tânia Porto (IPB)
Introdução
O tema dessas Jornadas, As Paixões do Falasser, nos conduziu a interrogar sobre o fazer e o que ocorre do lado do analista. Caberia falar em paixão do lado daquele que conduz uma análise? Essa pergunta encontra sua base de origem no Seminário 1, quando Lacan (2009) apresenta as paixões do ser em jogo em uma análise – amor, ódio e ignorância – e já anuncia o que está do lado do analista: “no analista também convém considerar a ignorância” (p. 316).

GT 3: A paixão na experiência analítica: manejos e arranjos
Coordenadora: Sônia Vicente (AME EBP/AMP)
Êxtima: Marina Recalde AME (EOL/AMP)
Relatores: Samyra Assad (EBP/AMP)
Rogério Barros (EBP/AMP)
Participantes: Analicea Calmon (AME EBP/AMP)
Clara Melo (IPB)
Ethel Ferreira Poll (IPB)
Luiz Felipe Monteiro (EPB/AMP)
Maria Luiza Mota Miranda (EBP/AMP)
Waldomiro J. Silva Filho (UFBA)
O inconsciente e o corpo
O corpo falante foi o ponto de partida da construção da psicanálise, quando os sintomas conversivos das histéricas começaram a ser interpretados por Freud. Tal interpretação consistia em traduzir a linguagem corporal, configurada no sintoma, em texto desconhecido para o sujeito.
Desde essa época, vemos que, no campo da Psicanálise, tanto para os analisandos, quanto para os analistas, os corpos não param de falar. Esses corpos que falam são interpretados. Lacan, no início do seu ensino, acrescenta, à referência ao corpo das histéricas, o sofrimento do obsessivo no pensamento, lembrando que se pensa também com o corpo. Sabemos que há palavras que afetam o corpo fazendo rir ou chorar, o que faz supor um registro no qual os pensamentos têm uma incidência direta sobre o corpo, sem mediação. É o que Lacan, por exemplo, nos diz sobre a angústia, definindo-a como um afeto que não engana, o que a distingue dos sentimentos que mentem.

GT 4: Os Usos do Humor na Experiência Analítica
Coordenadora: Tânia Abreu (EBP/AMP)
Êxtimo: Fabián Naparstek (AME EOL/AMP)
Relatores: Daniela Nunes Araújo (EBP/AMP)
Wilker França (IPB)
Participantes: Bruno de Oliveira (IPB)
Karynna Nóbrega (EBP/AMP)
Júlia Jones (IPB)
Luiz Mena (EBP/AMP)
Virgínia Dazzani (IPB)
Introduzindo pelo fim
Existem diversas maneiras de abordar a experiência analítica e o seu final. Elegemos, para este trabalho, a via do humor e suas relações com as paixões do falasser considerando que:
Lacan reintroduz as paixões para pensar o final da análise, justo neste momento em que o sujeito vai ao encontro de uma radical ausência de garantias, autorizando-se unicamente a partir de sua própria relação com a causa analítica. Momento este, em que já não se identifica com o objeto do fantasma fundamental e nem tampouco com o analista, e no qual o saber tem algo de derrisório, de resto caído e rendido em face à iteração do mesmo, do incurável do sinthome (MACEDO, 2019).




Diretor Seção – Luiz Felipe Monteiro | Diretora do IPB – Analicea Calmon
Coordenador Geral da Jornada – Iordan Gurgel
Coordenador da Comissão de Comunicação – Marcelo Magnelli
Comissão de Boletim: Julia Solano(Coord.), Luiz Mena, Claudio Melo, Graziela Vasconcelos,
Guacira Cavalcanti, Kleyanne Lima, Liliane Sales, Marília Santiago.
Criação e Editoração: Bruno Senna – sennabruno@gmail.com