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Coordenadora: Célia Salles (EBP/AMP)

Êxtimo: Fabián Schejtman (EOL/AMP)

Relatores:
Camilla O. Costa (IPB)
Marcelo Antonio do Passo Magnelli (EBP/AMP)
Paulo Fernando Dantas (IPB)

Participantes:
Cláudio Melo (IPB)
Conceição Andrade (Núcleo Psicanálise e Feminino)
Graziela Vasconcelos (IPB)
Maria Cristina Maia Fernandes (EBP/AMP)
Marília Santiago (NPJ)
Nelson Matheus (NPJ)

GT 1: apaixão e seus efeitos na Clínica das Psicoses

“É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno (…) A um passo de mim. Minha luta mais primária pela vida mais primária ia-se abrir com a tranquila ferocidade devoradora dos animais do deserto. Eu ia defrontar em mim com um grau de vida tão primeiro que estava próximo do inanimado.”[1]

 (a)paixão do Parlêtre – uma tarefa jubilatória

Um instante. Depois outra coisa. A tarefa jubilatória marca e circunscreve um momento de chegada no qual a criança emergida em completa debilidade motora e linguística encontra-se com sua imagem e pode dar a si uma unidade, um cobrimento totalizante. Um instante de encontro e essa paixão revela sua intensidade. A ordem imaginária confere ao simbólico seus efeitos, seu sucesso e seu perigo. Lacan[2] destaca que nesse instante uma matriz simbólica se manifesta. O júbilo como instante de (a)paixonamento do parlêtre traduz a ambiguidade da ilusão de completude com o encontro com o furo da linguagem. Nesse encontro revela-se um desconhecimento do real.

Lacan[3] coloca a assunção jubilatória da imagem especular como um antes primordial responsável pela transformação que se produz na função de sujeito. Aponta que nessa experiência de satisfação do encontro com a imagem no espelho marca um ato de precipitação do eu, antes da dialética da identificação objetal e antes da universalização da condição da linguagem.

Numa conferência que nomeou Prisões de Gozo[4], Miller[5] pontua que a tese fundamental de Lacan sobre o campo escópico vai além da imagem como véu, mas sim que a imagem produz gozo. Diz ele “nesse campo não se percebe, não se sente, não se vê, não se experimenta a perda do objeto a. É o campo que permite esquecer a castração e é também um campo desangustiante e pacificador”[6].

Ao analisar a força da imagem no contemporâneo Tarrab[7] situa no Lacan do primeiro ensino circuitos imprescindíveis. Destaca, portanto, a ambiguidade da constituição da imagem no estádio do espelho, que ao tempo que vela, revela. Ou seja, a imagem que tem como função imaginária cobrir a inconsistência corporal e, portanto, esconder o objeto pequeno a, faz por essa operação existir aquilo que não se pode ver. A imagem que produzida pelo olhar, ao mesmo tempo que vê, passa a ser vista, configura-se parte do quadro. Aponta que “Lacan rompe a concepção do campo escópico ao pôr o objeto a fora do perceptível, e dessa maneira justifica a deslibidinização da realidade”[8].

Greco[9] considera que a importância do estádio do espelho na teoria psicanalítica percorre desde o primeiro ensino de Lacan até o ultimíssimo já que segundo ele “trata-se mais de espelho que de estádio, ou seja, mais de relação (consigo e com o outro) do que de história, mais de percepção da alteridade do que de uma propriocepção” (p.01).

O que é que resiste onde o imaginário intervém diante daquela palavra que quer ser ouvida, que tenta passar?” Schejtman[10] faz uma essa pergunta para sublinhar a resistência da parceria “eu” e imagem à insistência do simbólico, como um obstáculo que se impõe no caminho por onde a palavra quer passar.

Com efeito, o sujeito só recebe a mensagem que lhe chega do Outro no momento em que esse eixo imaginário a – a’ vacila e revela, àquele que assume o controle da sua fala, que, mais do que falar, ele é falado[11].

Lacan no seminário da Angústia[12] coloca que é na busca de uma confirmação do Outro que o eu ideal se produz como totalidade e portanto, uma experiência de satisfação. Contudo, é aí que a vacilação da imagem especular se articula ao objeto a, conferindo ao sujeito o perigo de sua operação, um sinal de real. Situa “(…) que a causa do seu desejo, o ser humano está desde logo suspeito a tê-la produzido num perigo que ele desconhece”[13].

Ainda, Schejtman[14] marca a distinção da satisfação autoerotica das pulsões parciais num tempo primário para num tempo depois um impulso à unificação, embora nunca consumada. Entre um tempo e outro o primeiro ato de ficção, a constituição do eu pela via da identificação com a imagem do semelhante, “o eu é, desde o começo, outro”. E assim, destaca que a importância desse novo ato psíquico não é puramente de reconhecimento, mas além disso uma ilusão de unidade que percorrerá toda vida do sujeito.

Não voltaremos aqui à própria experiência em que o filhote humano chega a celebrar o seu reconhecimento diante do espelho, a não ser para assinalar que o júbilo que desperta essa captura narcísica pela imagem do espelho – que acompanhará o ser falante até ao último dos seus dias – é, de facto, um resultado direto da ilusão de unidade com que aparece essa instância recém-constituída, o eu[15].

Vieira[16] ao tratar das paixões recorre à alegria dizendo assim “a alegria será associada aos momentos nos quais temos o sentimento de sermos Um, de ‘estarmos com tudo’, de nos vermos sem furos. Ela não dura.” E completa, “sua alegoria maior é a ‘jubilação’ do estádio do espelho”, um momento que dramatiza a entrada de cada um de nós na cultura”[17].

Assim, Lacan[18] defende que o sofrimento humano localiza no estádio do espelho o impasse da antecipação do eu diante da insuficiência do filhote de homem. Esse aparelho chamado “eu” conduzirá o destino do ser falante, dando-lhe a convalescência da ortopedia de uma imagem sobre o despedaçamento do corpo. Assim, a função do eu é cobrir a prematuridade, a insuficiência, o despedaçamento e portanto, assumir um modo de operar sobre o real – Unerkannt.

Os impasses subjetivos ressoantes de uma antecipação não está organizado por um princípio de realidade, mais preciso seria compreender esta operação pela via das fatalidades explica Lacan[19] e anuncia,

“(…) ver como a captação do sujeito pela situação dá a fórmula mais geral da loucura, tanto da que jaz entre os muros dos hospícios quanto da que ensurdece a terra com seu barulho e seu furor”.

O que afeta o corpo e seus restos

Ao longo do seu ensino, Lacan decantou aquilo que nomeou como objeto a para designar suas diferentes posições. Schejtman[20] reduz em cinco versões as posições que o objeto lacaniano pode vir a ocupar, contudo destaca que, sem dúvida, podem haver outras versões. Assim, propõe: (1) o objeto a enquanto objeto perdido freudiano – Unerkannt, primeiro real, um real não pulsional, delimitado por um nó que é o umbigo dos sonhos – objeto este nunca obtido, um objeto que falta ao ser falante, objeto que diante da marca do significante – S1 – passa a existir como aquilo que falta, aqui aloja-se a matriz simbólica na qual faz-se a identificação primária; (2) se essa marca produz um objeto perdido, produz assim um furo de onde esse objeto caí, assim o objeto a é esse furo, sendo assim a falta radical da estrutura; (3) os objetos pulsionais cobridores dos furos corporais com os quais é possível que haja uma satisfação pulsional, embora parcial escreve o autoerotismo freudiano; (4) o corpo fragmentado resultado do efeito primeiro da linguagem encontra sua unificação em um novo – segundo – efeito de linguagem que opera um furo que produz um corpo e barra o gozo, assim a castração é essa operação de linguagem que tem como resultado o gozo fálico, e portanto tem o objeto a aquilo que Lacan nomeou como objeto causa de desejo; (5) o objeto de amor escrito i(a) sustenta a quinta versão do objeto a como resultado da operação narcisista, efeito da unificação corporal pela via de um corte e, portanto, o encontro com essa unificação pela via imaginária.

O objeto a é designado em sua “função de furo”, tendo uma “borda que atrai, condensa, captura o gozo”. No Seminário 20, Lacan o delineia como o que enforma. Assim, o objeto a é “um furo com uma borda que impõe uma fôrma ao gozo”. Designado como estrutura topológica e como consistência lógica, o objeto a “tem a substância do furo e, em seguida, peças soltas do corpo vêm se moldar a essa ausência”[21].

Cada um caminha com uma perna de pau, assim Miller[22] aponta que cada sujeito inventa seu corpo a partir de uma peça solta. Portanto, o milagre da peça solta é que a perna de pau tenha tanta função quanto a perna viva, já que é em torno da perna de pau que se faz um corpo. Para dizer que um corpo se produz de um acontecimento, um traumatismo da incidência de uma letra que faz furo.

Com o axioma de Spinoza “sentimos que certo corpo é afetado de muitos modos”, Miller[23] destaca que certo corpo implica naquilo que Lacan no seminário 23 verifica que é apenas a partir da experiência humana que se constitui um vínculo com o corpo. No último ensino de Lacan, onde há a prevalência do real, o corpo adquire outro estatuto: trata-se do corpo em jogo na teoria do acontecimento de corpo, um corpo que sobrevive ao naufrágio do simbólico, à dificuldade do simbólico”[24], puro real, réelize[25]. O corpo é tomado como efeito de peças soltas e aquilo que o afeta é um modo de gozo, proveniente do traumatismo de lalíngua. Assim, um acontecimento de corpo é o encontro do parlêtre com um gozo, um acontecimento de corpo que dura no tempo.

Moraga[26] aponta que Lacan toma o tema das paixões porque são elas – as paixões – que permitem conectar o inconsciente com o real do gozo. O corpo gozante que o é pelo impacto dos significantes padece desse impacto, a isso chama-se afetos, o sujeito que é afetado pelo corpo se volta como efeito das marcas do Outro. Assim aponta,

O gozo está no corpo próprio, mas os afectos, que são efeitos da linguagem sobre o corpo, ligam o gozo (que está no corpo próprio) e o Outro. Assim, os afectos ligam-se ao que escapa ao dizer e, neste ponto, o inconsciente é, para Lacan, o efeito da lalíngua.

É na sua entrada à linguagem que o parlêtre ancora o enigma do desejo e do gozo. Essa operação segundo García[27] não é sem paixão, ao tomar de Lacan a ideia de uma estética transcendental diz, “me parece que as paixões (…) são a entrada do sujeito na linguagem. Porque não há outra maneira de ver como o sujeito da enunciação entra no enunciado”[28].

A noção de escritura como um “fazer a experiência de” implica que o impacto do Outro da língua no corpo o afeta, e o invade. Este corpo é feito para inscrever uma marca[29].

Assim, a partir de um tempo zero, prévio à linguagem, onde os significantes soltos afetam a carne com a incidência pura de lalíngua se faz o traumatismo, daí derivando corpo fragmentado, traumatismo da letra cujos efeitos repercutirão por toda vida do parlêtre. Aqui está em jogo um real anterior à montagem pulsional.

Dois Furos

Em resposta a Marcel Ritter, Lacan[30] reduz o real à função de furo como aquilo que é não reconhecidoUnerkannt. Um furo com o qual fará uma cicatriz: uma borda, através da qual se montará o circuito pulsional. Neste texto, Lacan destaca que este real “não reconhecido”, é o não simbolizável, e, por isso, ele o localiza enquanto umbigo do sonho, pois aponta aquilo que o sentido não captura, encontra-se no limite do insondável pela linguagem. Trata-se do real “não pulsional”, pois está posto anterior à própria montagem pulsional. Anterior à operação imaginária, diante da impossibilidade de um dizer, a perspectiva de Lacan no Seminário 24 é de que “o Real continua no Imaginário”. O Unerkannt é o furo que se “situa” anterior, até em relação ao imaginário. É o que Lacan chama de Troumatisme.

Lacan[31] adianta a si mesmo ao propor o inconsciente ´nosso’ aquele que revela a hiância através da qual o real indeterminado se mostra. Assim, temos o inconsciente furo que gravita em torno do real sem lei. A descontinuidade é, então, a forma essencial que Lacan apresenta o inconsciente nessa altura do seu ensino.

“(…) naquilo que Freud chama o umbigo – umbigo dos sonhos, escreve ele para lhe designar, em último termo, o centro incógnito – que não é mesmo outra coisa, como o próprio umbigo anatômico que o representa, senão essa hiância de que falamos”[32].

O Unerkannt, portanto, é o real-impossível-de-reconhecer. Trata-se daquilo que “não cessa de não se escrever”, um limite ao sentido onde o impossível se impõe. O umbigo do sonho pode ser tomado em uma dupla perspectiva: como furo, ou como uma cicatriz; aquilo que “marca a exclusão do parlêtre em relação à sua origem”. Representa uma marca de impotência do significante, mas, ainda mais a condição primária por onde o significante opera – é dali em diante que ele terá seu efeito de gozo, a partir dos uns, gozo de lalíngua. Assim, o umbigo pode ser tomado também em sua dimensão corporal. Só é um nó à medida em que está relacionado a um orifício que se fechou, sendo a cicatriz de uma separação[33], que marca a impossibilidade de acesso do Um pelos uns. Acrescenta Lacan[34], “há uma coisa em relação à qual não é por acaso que isto se resume a uma cicatriz, a um lugar no corpo que faz nó”.

Este nó não faz uma sutura, mas indica uma borda, um limite à condição que faz a linguagem a ferramenta do ser falante, ou seja, nó aí designa uma marca por onde a certeza axiomática lacaniana se apresenta: não há relação sexual. Lacan situa Troumatisme no campo de Ⱥ, sem um significante que faça borda.

Lacan[35] demonstra que o que está em jogo na Mística, destacando a mística no estilo de Sta Tereza D’avila, é outra coisa e não o objeto pequeno a, no que vem suprir a relação sexual que não existe. São escritos de um sujeito que passou da impotência à impossibilidade, escritos desde o gozo não-todo. “Os místicos, entre (a) e A, longe de ver o UM, reencontram o furo, e é o único ponto em que eles me interessam”. Como aponta Catherine Millot[36] que o mistério da experiência mística se dá na “certeza de ter tocado alguma coisa de estranho a si mesmo, que se impões como algo externo”.

Ao vivente, resta agora fazer o bordeamento deste furo (Ⱥ) a partir de uma escrita, que deixará atrás de si, como efeito, um segundo Real, desta vez marcado pela incidência do significante: S(Ⱥ). Este momento marca a entrada na linguagem a partir de uma operação que permitirá uma fixação de gozo, a partir da instauração de uma letra, um redobramento do furo no Outro (Ⱥ) que se redobra por sua marca no inconsciente como S(Ⱥ). Este efeito de entrada na linguagem dará ao parlêtre sua condição de entrada no discurso, onde a castração fará, da neurose, uma busca resignada pelo impossível. É neste sentido que Lacan dirá que “a linguagem é uma elucubração de saber sobre lalíngua”[37].

Miller[38] acentua que não importa quanto tempo dure uma análise, o ilegível sempre se impõe como furo, pois não é possível ir além do que reproduzir o traumatismo inicial. Essa coisa opaca que afeta a existência, Lacan apresenta como isso que “o sujeito conserva em algum lugar a marca de um ponto em relação ao qual não há nada a fazer”[39]. Portanto, a linguagem condensadora de gozo não é capaz de operar sobre o que não pode ser nomeado, um resto que não se produz e sim, que não se abarca. Neste momento, Schejtman[40] propõe tratar-se de um segundo furo: Tropmatisme, por criar um furo para o que do primeiro furo resta excessivo, entre o que não é capturável de S(Ⱥ) pela demanda:

El montaje pulsional acarrea, por una parte, la saturación del agujero de la no-relación con las “sustancias episódicas” que comportan los objetos pulsionales; por la otra, la introducción de un exceso – Tropmatisme – que infiltra el estigma de ese agujero, fijación de goce que engendrará el síntoma[41].

Só há um real pulsional na medida em que o que é entendido como da ordem do real se reduz à função do furo, por onde se instituirá a pulsão. Ou seja, o que faz com que a pulsão esteja ligada aos orifícios corporais, possibilitando a montagem de um circuito pulsional.

Portanto, dois furos, dois reais, duas operações com as quais o parlêtre apaixonadamente ex-siste. Lacan[42] aborda as paixões da alma como estrutura capaz de nos ensinar sobre o sofrimento tanto nas neuroses quanto nas psicoses. Também os poetas assim o fazem, demonstram que é através das paixões que algo do impossível de dizer se bordeia. Como revela Fernando Pessoa,

“Mas quem sente muito cala
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!”

(a)paixão do psicótico: modalidades de extração

Naveau[43] argumenta que o tema da extração ou não do objeto a refere-se ao “modo como o sujeito chega a defender-se ou não do real com o simbólico”. Nesta acepção acena com a expressão “extração forçada do objeto a nona psicose”. Ilustra este tipo de extração com a frase de um menino psicótico de 8 anos: “Eu não tenho o que preciso para me defender, mas eu tento me virar, inventar uns macetes”. E acrescenta: “…defender-se do real com o simbólico, (…) macetes que permitem evitar os maus encontros com o real”.

Na neurose, face ao encontro com o real, o sujeito neurótico evita-o mas o simboliza parcialmente e, em um segundo tempo, recorre ao recalcamento para mantê-lo à distância. O sujeito não quer saber e foge do real. Entretanto a operação do recalcamento primário, apoiada na afirmação primária do Nome-do-Pai, permite constituir o objeto a como objeto de pura consistência lógica extraído do campo da realidade. Nesta acepção, Naveau declara: “o real é esse pedaço que é arrancado da realidade”[44]

Em se tratando da psicose é impossível evitar o real, posto que esta estrutura repousa sobre a negação primordial do Nome-do-Pai cuja consequência, em um segundo tempo, reside no retorno do objeto a no real que satura o campo da realidade do sujeito psicótico. Nesta perspectiva, Naveau[45] alerta que “a presença do objeto a no real – olhar ou voz em particular –  deve ser apreendida em um movimento de retorno”. Na neurose o objeto a, situado no cerne da fantasia, dá o enquadramento do campo da realidade, ao passo que na psicose a realidade se encontra furada por esta irrupção do objeto a: a voz alucinada ou o olhar que recai sobre o sujeito psicótico.

Importante distinguir a não extração do objeto a enquanto pura consistência lógica na neurose, da extração do objeto a na psicose sem o recurso ao par Nome-do-pai/castração, por um uso singular da linguagem cujo paradigma especifica-se na alucinação verbal. Nesta o significante forcluído do simbólico ao retornar do real aparece colado ao objeto a constituído enquanto resíduo de gozo (pedaço de real) como resultado daquilo que o significante pôde morder e arrancar da coisa em si. Trata-se de um amalgamento direto entre um significante solto e um resto de gozo (S1-a). Pode-se dizer que não há logificação pura do objeto a, tampouco inscrição do a na dialética do significante, entretanto o objeto a encontra-se aí constituído como letra de gozo apontando para um grampeamento localizado entre simbólico e real.

Conceber a extração do objeto a por meio da incidência do significante no real do corpo, implica numa ação que consiste em uma captura de um quantum de gozo e, ao mesmo tempo, um esvaziamento desta substância gozante, para que seja possível reduzi-lo à condição de hiância. Esta dupla faceta permite entender melhor a proximidade e/ou a interface entre o objeto-dejeto e o objeto-nada nas melancolias graves. Objeto-dejeto como causa de desejo e um modo particular de constituição do sujeito psicótico na relação com o Outro, modo de estar e de encontrar um lugar no mundo. E objeto-nada como causa de não-desejo e de nulificação do sujeito na psicose, reduzido-o a um estado de desertificação do ser. O caso princeps que ilustra esta desertificação é o caso Carlos[46], cujo testemunho destacamos:

“Quando eu saio do consultório, eu esqueço o que tenho que fazer, meus pensamentos tremem, eles perdem a montagem que acabei de fazer com você. Às vezes eu me empolgo, faço um projeto, mas de repente cai tudo… Não entendo como isso passou a me interessar. Sinto-me vazio, inerte. Quando isso cai, todos os objetos ficam indiferentes, não posso mais escolher, não tenho discernimento, porque nada me atrai. Depois de um certo tempo eu não sei o que estou fazendo lá, é nada, desespero”.

Há uma ruptura na cadeia significante, estancando a relação entre S1 e S2, cujo excesso de gozo é tratado pelo objeto nada, mantendo Carlos na posição de S1 sozinho. Miller, comentando este caso, destaca que o S1 corresponde a um S0, pois não há contagem. Trata-se do que Maleval destacou como “inconsistência do traço unário” durante sua apresentação. Com este matema modificado, S0, Miller localiza o “estado do sujeito” enquanto identificado ao objeto nada, paradigma da psicose ordinária.

Maleval[47] afirma que a não-extração do objeto a na psicose mostra-se na clínica por meio das “alucinações verbais que fazem escutar o objeto voz quando este não sucumbiu ao recalcamento primário instaurado pela função paterna”.

Em Freud[48] o recalcamento primário é correlativo ao conceito do objeto perdido da satisfação primária – Das Ding – que instaura a falta que funciona como uma força motriz que mobiliza o desejo e permite ao sujeito neurótico inscrever-se no simbólico e, subsequentemente, estabelecer uma relação dialética com o Outro.

No sujeito psicótico a não-separação do objeto de satisfação (objeto a), posto que guarda-o no bolso, instaura o psicótico em um gozo excessivo e inquietante. Nesta perspectiva, Maleval destaca que “na psicose desencadeada, ocorre que a voz se sonoriza em insultos, um olhar inquisitivo vigia o sujeito, o objeto oral o envenena ou o objeto anal o invade” (idem). A descrição acima evoca o modo como Freud situa a estrutura da esquizofrenia numa fixação do sujeito no auto-erotismo infantil. Então, torna-se imprescindível supor que o psicótico não consente com a perda de Das Ding para que em seu lugar advenha o objeto a como objeto de pura consistência lógica. Dito de outro modo, objeto a como um possível semblante de Das Ding.

Em razão da forclusão primária do nome-do-pai, na alucinação verbal o componente acústico do significante, seu aspecto material, se impõe ao sujeito psicótico em detrimento do seu aspecto formal. Teixeira e Santiago[49] destacam a natureza corporal da alucinação, mais além da proposição de Lacan da alucinação como um retorno no real de um significante forcluído, como um excesso de corpo que invade um possível enquadramento da realidade do sujeito. Nesta acepção, o sujeito neurótico realiza uma abstração do som da fala para poder ouvir a articulação fonemática presente no dito, com a finalidade de capturar um sentido. Assim, a ênfase recai sobre o aspecto formal da linguagem em detrimento de seu aspecto puramente acústico. Segundo estes autores, “é essencial, ao funcionamento perceptivo da língua, uma operação subtrativa que incida sobre a apreensão corporal do som”[50]. Portanto, se trata de uma operação de “redução do aspecto fonatório da voz ao seu aspecto puramente diferencial, em conformidade com o conjunto de leis fonológicas e gramaticais que definem o que são as diferenças no interior de determinada língua”[51].

Na alucinação verbal, o componente acústico do significante, seu aspecto material, impõe-se ao sujeito psicótico em detrimento do seu aspecto formal. Há uma intrusão de corpo, um excesso de gozo, instalados no objeto alucinado. O que equivale dizer que a face real do objeto a prevalece sobre sua possível consistência de semblante, seu aspecto simbólico-imaginário. Dito de outro modo o significante forcluído do simbólico, que retorna no real, perde sua propriedade simbólica de elemento diferencial articulável a outros elementos da cadeia significante.  Ao tempo em que ele disponibiliza sua materialidade acústica para a investidura do gozo, passando a funcionar mais como letra do que propriamente significante. Uma perspectiva de tratamento aponta para a re-inserção no simbólico deste significante forcluído sob a forma de uma escrita no corpo, para daí advir a construção de um sinthoma.

Uma paciente esquizofrênica, refratária ao tratamento psicofarmacológico, guarda na escuta o objeto a, toma-o como real, apropria-se dele e não se separa. Portanto, ela se desconecta do simbólico e se instala no real do gozo no próprio ato de ouvir as vozes alucinadas. Ela conta que se isola no quarto da casa e se deita na cama para ouvir as vozes. Interrogada sobre o que as vozes dizem, responde que não dizem nada, não há sentido algum. Então ela afirma que gosta de ouvi-las, e em sua face algo de uma satisfação.

No instante mesmo do ato alucinatório, o sujeito psicótico encontra-se instalado no objeto a, intensamente identificado ao objeto a no real, desconectado de qualquer ancoragem no significante, que “somente o gozar-se se torna perceptível para o sujeito”[52].

Dicker[53] concebe o objeto a “como produto da operação significante sobre a Coisa” que comparece na fala do analisante enquanto furo no Outro simbólico.  E instaura o vazio no que se refere aos buracos do corpo cujas bordas demarcam a trajetória da pulsão em busca da satisfação. Portanto, há o furo no lugar do Outro no qual o objeto a “funciona como ponto de captura e de condensação de gozo”[54], o elemento alucinatório propriamente dito e o vazio enquanto face real do objeto a.  Para ela, trata-se de “um vazio que cria” na medida em que a operação do significante que incide na coisa faz passar o gozo ao inconsciente mas o gozo insiste ao modo da repetição sob a forma do objeto a em sua versão mais-de- gozar, modalidade de resposta no corpo frente à operação de barramento deste gozo por meio do ciframento da linguagem.

Lacan[55] propõe o objeto voz na psicose como um efeito de forclusão do significante, na medida em que um pedaço de cadeia significante, quebrado por um quantum de gozo, não podendo ser assumido pelo sujeito, então passa para o real e é atribuído ao Outro. Neste ponto Miller[56] arremata, “a voz entra no lugar daquilo que, do sujeito, é propriamente indizível e que Lacan chamou de seu mais-de-gozar”. Neste sentido é que se diz que a função da voz como objeto a é a-fônica mas na alucinação verbal este objeto indizível, relacionado ao gozo, mostra-se ruidoso pelo fato do significante que cai da cadeia articulada retornar   para o sujeito desde o real sob a forma de objeto a (voz alucinada). O silêncio do objeto indizível converte-se em voz ruidosa, impõe-se ao sujeito psicótico que, na tentativa de inscrevê-la no simbólico, acaba por atribuí-la ao Outro da linguagem.

Partindo da função a-fônica da voz, Miller afirma que “os objetos ditos a só podem se afinar com o sujeito do significante se perderem toda substancialidade, se estiverem centrados por um vazio que é a castração”[57]. Adiante Miller desenvolve,

Enquanto eles são oral, anal, escópico, vocal, os objetos situam-se em torno de um vazio e é nesta condição que diversamente o encarnam. Ou seja, cada um destes objetos é sem dúvida especificado por certa matéria, mas é especificado por essa matéria na medida em que a esvazia. E é por isso que o objeto a na verdade é, para Lacan, uma função lógica, uma consistência lógica que consegue se encarnar naquilo que cai do corpo sob a forma de diversos dejetos”[58].

Então dá um exemplo ilustrativo, referindo-se à alucinação do dedo cortado no Homem dos lobos: “que seja uma pequena coisa separável do corpo”[59].

Com base na argumentação acima, pode-se formular que o objeto a é um resto de corpo que cai frente ao golpe da operação significante que incide na Coisa, “como mais- gozar, o objeto a designa o ser do sujeito”[60]. Miller[61] fez equivaler o objeto a ao semblante do ser ao apontar,

O que chamamos objeto a é o que, neste desastre do sujeito chamado falta-a-ser, parece dar o suporte do ser. (…) O ser é o modo pelo qual dissimulamos o real, para que ele seja apresentável, para que ele se mantenha firme na mesa do jogo, na mesa do significante.

Esta abordagem do objeto a como semblante do ser, evoca o empuxo-A- Mulher na psicose de Schreber e outras formas de feminização nas psicoses, nas quais o manejo do objeto a pode funcionar como um modo particular de defesa psicótica contra um Outro real do qual irrompe um gozo massivo, invasivo e insuportável para o sujeito. Portanto uma tentativa de dar uma localização significante a este gozo desestabilizador por meio do engendramento de várias modalidades de objetos a para que daí seja possível construir um sinthoma (amarração R-S-I) que possibilite determinada estabilização da estrutura psicótica do sujeito. Segundo Maleval[62] “o empuxo à mulher não se reduz à emergência de uma figura do gozo desatado: a miúdo contribui, no mesmo movimento, a uma certa contenção do mesmo”.

Extração Diacrônica do Objeto a

Para entender a proposição da extração do objeto a na psicose faz-se necessário distinguir os tempos lógicos implicados na estrutura do desencadeamento de uma psicose:

  1. Na origem do desencadeamento há uma certeza psicótica vivenciada pelo sujeito enquanto uma experiência enigmática que surge de um encontro contigente com o real, sob a forma de uma irrupção de gozo e/ou apelo a um significante ausente no campo do Outro;
  2. Daí advém a resposta do sujeito psicótico, sem apoio no Nome-do-pai e na castração simbólica, mas que lhe possibilita a extração do objeto a, pelo recurso a um significante isolado capaz de nomear o real. Nesta acepção a alucinação verbal permite verificar o grampeamento direto entre significante e gozo;
  3. Na sequência o sujeito poderá atribuir um valor axiomático a esta colagem significante-objeto a (S1-a), fora de qualquer dialética significante, de modo que ele possa dar um aparelhamento significante ao gozo através de uma invenção psicótica singular ou construir um delírio para inscrevê-la no simbólico na forma de uma narrativa discursiva.

Para ilustrar esta composição teórica seguem dois fragmentos de casos clínicos:

De acordo com o relato de Alvarez[63]: Horas depois de um acidente de carro, sem nenhuma consequência para a integridade física, Martín, um homem de trinta e poucos anos, começou a ouvir um “ruído” constante, “muito mais alto que o tom de tua voz” (do analista). Nada há em sua experiência atual fora do “ruído”, coisa que condiciona todos os instantes de vida”.

Faz alguns dias, após nos despedirmos, retornou ao Centro de Saúde Mental para dizer-me que ouviu, ao sair, que lhe chamaram de “viado”.  Nenhum tipo de explicação acompanha isso que ouviu, salvo que o ouviu. Excetuando esta alucinação, o ruído tampona qualquer alusão e significação explicativa. Tudo se mantém no estatismo do puro ruído, ou seja: na presença atordoante de um real inominável que domina o conjunto de sua experiência de certeza”.

Este paciente permaneceu instalado no segundo tempo da descrição do desencadeamento acima.  O caso seguinte permite vislumbrar a possibilidade de um sujeito psicótico aceder ao terceiro tempo.

Trata-se de um homem normal, engajado no trabalho sem perda de funções produtivas, exercendo a função de “pai de família” com determinada efetividade, empresário exitoso e bem posicionado no laço social.  Veio consultar-se por um único motivo: “um ruído na cabeça”, que embora não o desestruture, produz um incômodo persistente em sua realidade. Uma única consulta para dizer do caráter enigmático e da “desrazão” deste sintoma clínico. O recurso ao saber médico e a sequência implacável de exames para localizar uma causa orgânica não lhe trouxe qualquer elucidação. Realizou um tratamento fonoaudiológico sem resultados.

Lançou-se ao mundo em busca de uma solução singular que lhe permitisse “saber-fazer aí” com seu gozo sintomático. Retornou seis meses depois para dizer que comprou um barco e decidiu morar em alto-mar. Conta que “Quando o ruído vem, ocupo-me de ouvir o barulho das ondas do mar.”

Neste caso, a solução singular passou pelo esforço deste sujeito em conseguir plasmar um objeto alucinado em estado puro (um ruído real) com uma letra de gozo (barulho) conectável a significantes articuláveis (ondas do mar), reparando assim   uma falha do nó borromeano situada entre real e simbólico.

A partir deste mapeamento significante mínimo, o sujeito poderá edificar um discurso capaz de estabilizar sua estrutura e construir para si um mundo habitável.  Lispector formula-o em termos de desintegração e formalização,

“E que minha luta contra essa desintegração está sendo esta: a de tentar agora dar-lhe uma forma? Uma forma contorna o caos, uma forma dá construção à substância amorfa – a visão de uma carne infinita é a visão dos loucos, mas se eu cortar a carne em pedaços e distribuí-los pelos dias e pelas fomes – então ela não será mais a perdição e a loucura: será de novo a vida humanizada”[64].


[1] LISPECTOR, Clarice. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2020, p.21.
[2] LACAN, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do eu (1949). In.: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[3] Ibidem.
[4] Tradução livre em português do título da conferência ‘Las cárceles del goce’.
[5] MILLER, J-A. Las cárceles del goce (1994). In.: Conferencias porteñas, tomo 2. Buenos Aires: Paidós, 2009.
[6] Ibidem. Tradução livre.
[7] TARRAB, Mauricio. La mirada de las imágenes. Olivos: Grama Ediciones, 2018.
[8] Idibem, p.15.
[9] GRECO, Musso. Os espelhos de Lacan. In.: Opção Lacaniana online. Ano 2. Número 6. Novembro, 2011. http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_6/Os_espelhos_de_Lacan.pdf acessado em 10 de Agosto de 2024.
[10] SCHEJTMAN, Fabián. Una introducción a los tres registros. In.: Psicoanálisis y psiquiatría: encuentros y desencuentros, Berggasse 19, Buenos Aires, 2002.
[11] Ibidem, p.07.
[12] LACAN, Jacques. Do a aos Nomes-do-Pai (1963). In.: O seminário, livro 10: a angústia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
[13] Ibidem, p.358.
[14] Ibidem.
[15] Ibidem, p.09.
[16] VIEIRA, Marcus A. A paixão. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
[17] Ibidem, p.57.
[18] LACAN, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do eu (1949). In.: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[19] Ibidem, p.103.
[20] Ibidem.
[21] MAIA, M. A. Pontuações à luz do Curso de Jacques-Alain Miller. Revista Opção Lacaniana online, número 4, 2007, p. 3. Disponível em: <http://www.opcaolacaniana.com.br/antigos/n4/pdf/artigos/JAM2Luz.pdf>
[22] MILLER, J-A. Piezas sueltas. Buenos Aires: Paidós, 2013.
[23] Ibidem.
[24] Definição de corpo por J.-A. Miller, citado por E. Laurent no III ENAPOL 2007 em Belo Horizonte.
[25] N, T. Em francês, real=réel, a palavra réelize não existe em francês, para realizado se escreve réalisé, entendeu-se que seria uma forma de dizer o real/real.
[26]MORAGA, Patricia. Que cambia y que no cambia em un analisis. In.: https://ciudalitica.com/entrevistas/que-cambia-y-que-no-cambia-en-un-analisis-entrevista-a-patricia-moraga/. Último acesso em 13 de Outubro de 2024.
[27] GARCÍA, Germán. El curso de las pasiones, 1999. Disponível em: https://www.descartes.org.ar/germangarcia/page483.html
[28] Ibidem, p.02.
[29] “O Outro, afinal de contas […] é o corpo é algo feito para inscrever algo que se chama de marca” (SCHEJTMAN, Fabián. Agujeros. In.: LACANIANA, ano XVII, nº30, novembro 2021, p.277).
[30] LACAN, Jacques. O umbigo do sonho é um furo – Resposta a uma pergunta de Marcel Ritter (1975). In.: Opção Lacaniana, nº82, abril de 2020.
[31] LACAN, Jacques. O inconsciente freudiano e o nosso (1964). In.: O seminário, livro 11 – os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
[32] Ibidem, p.30.
[33]MANDIL, Ram. Sonho e inconsciente real. Disponível em: <https://congresoamp2020.com/pt/articulos.php?sec=el-tema&sub=textos-de-orientacion&file=el-tema/textos-de-orientacion/sueno-e-inconsciente-real.html>
[34] LACAN, Jacques. O umbigo do sonho é um furo – Resposta a uma pergunta de Marcel Ritter (1975). In.: Opção Lacaniana, nº82, abril de 2020, p.15.
[35]LACAN, Jacques. Seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
[36] MILLOT, Catherine. Abismos Ordinários. Rio de Janeiro: 7Letras, 2023.
[37] LACAN, Jacques. Seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p.190.
[38] MILLER, J-A. Piezas sueltas. Buenos Aires: Paidós, 2013.
[39] LACAN, Jacques. O umbigo do sonho é um furo – Resposta a uma pergunta de Marcel Ritter (1975). In.: Opção Lacaniana, nº82, abril de 2020, p. 14.
[40] SCHEJTMAN, Fabián. Agujeros. In.: LACANIANA, ano XVII, nº30, novembro 2021.
[41] Ibidem, p. 02.
[42] LACAN, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do eu (1949). In.: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[43] NAVEAU, Pierre. A Extração do objeto a e a Passagem ao Ato. Almanaque Online, n°1, IPSM- MG, 2007, p.01.
[44] Ibidem.
[45] Ibidem, p.02.
[46] MILLER, Desenraizamento social paradoxal e clínica do deserto. In:Desarraigados. Buenos Aires: Paidós, 2002.
[47] MALEVAL, Jean-Claude. Avasalladora Presencia del Objeto a Coordenadas  para la  Psicosis Ordinaria. Buenos Aires: Grama, 2020, p.59.
[48] FREUD, Sigmund. A Repressão (1915). Ensaios de Metapsicologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
[49] TEIXEIRA, Antônio e SANTIAGO, Jésus. Semiologia da Percepção : o Enquadre da Realidade e o que Retorna no Real. Psicopatologia Lacaniana. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
[50] Ibidem, p.115.
[51] Ibidem, p.115.
[52] Ibidem, p.118.
[53] DICKER, Suzana.  Objeto a. Scilicet Semblantes e Sinthoma, EBP, São Paulo, 2010, p.256.
[54] Ibidem.
[55] Lacan, Jacques. De uma Questão Preliminar a todo Tratamento Possível da Psicose. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[56] MILLER, Jacques-Alain. Jacques Lacan e a Voz.  Opção Lacaniana Online, n° 11, 2013, p.11.
[57] Ibidem, p.04.
[58] Ibidem, p.05.
[59] Ibidem.
[60] DICKER, Suzana.  Objeto a. Scilicet Semblantes e Sinthoma, EBP, São Paulo, 2010, p.257.
[61] Miller, Jacques-Alain. De La Naturaleza de los Semblantes. Buenos Aires: Paidós, 2002.
[62] Maleval, Jean-Claude. La Forclusión del Nombre del Padre. Buenos Aires: Paidós,2002, p.301.
[63] ALVARÉZ, José Maria. La Certeza como Experiencia y como Axioma. Virtualia Digital, n°16, 2007.
[64] LISPECTOR, Clarice. A Paixão Segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2020, p.12.
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