Skip to content

Amo em ti algo que é mais do que tu

Fernanda Otoni Brisset

Em As paixões religiosas do parlêtre lemos, com É. Laurent, que há sempre no laço social um mesmo princípio de ilimitação: isso que não cabe em forma social alguma – um pedaço ambulante, um excedente do qual o sujeito não cessa de tentar se separar – um gozo mau. Afinal, o gozo é um mal, dirá Lacan: (…) é um mal porque comporta um mal ao próximo. (…) Isto tem um nome – é o que se chama além do princípio do prazer.”

Leia +

Analistas apaixonados

Gerardo Arenas

Em seu Seminário 17, Lacan observa que não falta a Yahvé nenhuma das paixões destacadas pelo budismo, e que isso é revelado pelo seu discurso, cuja forma é a do discurso do mestre. A seguir, ele contrasta o que acontece com isso na análise, dizendo que “o único sentido que se pode dar à neutralidade analítica, é a não participação [do analista] nessas paixões”. Então, se amor, ódio e ignorância fossem as únicas paixões próprias do falasser, o analista deveria ser…

Leia +

Um tratamento da ignorância

Marina Recalde

Meu interesse é, fundamentalmente, clínico e foi o que me instigou a ler em Lacan, no Escrito “Variantes do tratamento padrão”, o seguinte: “O analista, com efeito, só pode enveredar por ela [refere-se à formação] ao reconhecer em seu saber o sintoma de sua ignorância (…). A ignorância, de fato, não deve ser entendida aqui como ausência de saber, mas, tal como o amor e o ódio, como uma paixão do ser, à semelhança deles, uma via em que o ser se forma (…)” (…)

Leia +

A satisfação no humor, no chiste e no cômico

Fabián Naparstek

Nas elaborações que realizamos junto aos colegas com os quais trabalhamos para as próximas jornadas, nos detivemos na questão do humor e suas múltiplas variáveis. Um primeiro momento foi dedicado à diferença que Freud estabelece entre o humor, o chiste e o cômico. No caso do chiste, percebe-se bem a participação dos representantes dentro do aparelho psíquico. A condensação e o deslocamento permitem que o movimento dos representantes nos possibilite…

Leia +

O REAL DA PAIXÃO

Marcus André Vieira

É dura a vida do analista em nossos dias. Além de ouvir os eternos anúncios do fim da psicanálise ele tem que se haver, mais recentemente, com uma dificuldade suplementar. À precariedade estrutural do saber psicanalítico teria se aliado uma reviravolta no real contemporâneo que faz com que a angústia do analista tenha um caráter quase que permanente: “E se desta vez for o caso?”; “E se realmente os tempos são outros e o inconsciente virou peça de museu?” A esta angústia respondem colocações que sugerem, apesar de todas as denegações, uma certa fossilização da obra freudiana e até mesmo de um primeiro momento do ensino de Lacan. Ambos seriam praticamente inaptos a tratar dos sintomas da pós-modernidade. Afinal, neste novo mundo em que impera apenas o gozo desenfreado, “fora do significante”, sem Outro, o analista teria que ter a agilidade de uma aranha cibernética na internet, e o golpe preciso que só a intimidade com as novas formas de gozo garante um misto de hacker com Schwartzeneger.

Leia +

“Da emoção ao afeto” – Patricia Bosquin-Caroz AME(ECF/AMP)

Tradução: Luiz Mena (EBP/AMP)

Os recentes avanços de J.A. Miller com relação ao último ensino de Lacan permitem reconsiderar o afeto em psicanálise sob um novo ângulo. Desde que ele foi entendido como efeito de verdade de um significante recalcado, a partir da Metapsicologia de Freud, ou do Seminário da Angústia, de Lacan, o afeto se apresentava como enganador, sempre derivado, desancorado, deslocado. Por outro lado, como efeito real de gozo, ele faria signo do golpe no corpo por lalíngua, “afeição (afeto) marcante da língua sobre o corpo”. De todo modo, que ele seja efeito de verdade ou efeito de gozo, Lacan não visará jamais o afeto fora da relação do sujeito ao significante, ou do falasser à lalíngua. Assim, a tomada do afeto em psicanálise não se apreende imediatamente e se diferencia radicalmente de uma “fenomenologia das emoções”, como diz Miller.

Leia +

Imagem e paixão

Henri Kaufmanner
(EBP/AMP)

“As pessoas vinham muito tristes e com auto percepção muito distorcida pelas câmeras dos computadores celulares. Tinha a questão do contexto [pós-pandemia], mas também tem outro ponto fundamental: as pessoas deixaram de se olhar no espelho para se olhar através da câmera da selfie. E aí junto com isso, colocando filtros que fazem reparos na pele, mas também distorção da anatomia.”[1]

Essa afirmação feita por uma dermatologista em um programa do portal UOL expressa de maneira sintética questões que, me parece, cabem muito bem ao tema das jornadas da Seção Bahia. A substituição da imagem do espelho pela das câmeras é uma ponta visível de toda uma mudança que vem acontecendo em nossos tempos na relação que temos com as imagens. Essa nova realidade tem importantes consequências sobre os corpos e as paixões dos falasseres.

Leia +

Paixões: ligeira magnificação, singular fatalidade

Marcela Antelo
AME AMP/EBP

A paixão é um substantivo feminino. Shakespeare chegou a usar a paixão como verbo. Do latim, passio significa sofrimento, derivado do verbo patior, que se enraíza no substantivo masculino grego pathos. Curioso que essa “ação de padecer” dá origem à palavra paciente e à palavra passivo. Só no século XVI começou a ser associada ao intenso e sexual.

O que fazemos das paixões na análise? Supostamente não as exaltamos como os deuses olímpicos (pathopoeia[i]), nem as aborrecemos como os filósofos, nem as demonizamos como os religiosos e sua teologia do martírio, nem as domesticamos como os educadores, nem fazemos apologia como os hedonistas, nem as culpabilizamos como os juristas e, finalmente, não as patologizamos como os psicólogos.

Sim, dirão, falamos da paixão como pathos do falasser, mas não no sentido comum da palavra patologia como desvio da norma, detecção do anormal, e sim focados na potência da sua etimologia, pathos, sofrimento, padecer, ‘ação de padecer’, impressão viva, diz Gaffiot.

Leia +
Back To Top
Search
Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?