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Iordan Gurgel

O segredo é não correr atrás das borboletas…
É cuidar do jardim para que elas venham até você”.
Mário Quintana

A Escola, antes de ser um sujeito de direito, advém sob a forma de desejo, que se expressa como acontecimentos de Escola. As Jornadas são da ordem destes acontecimentos. São espaços institucionais onde os psicanalistas são convocados a apresentar, formalizar e discutir os efeitos de sua experiência com a psicanálise – são eventos de pesquisa e transmissão. 

Se, por um lado, “a experiência analítica é uma experiência coletiva de dois”, a Escola –  e aqui nos referimos a Escola Brasileira de Psicanálise e, por extensão, ao Instituto de Psicanálise da Bahia –  obedece a uma “lógica coletiva”;  o que quer dizer, seguindo Freud e Lacan, que  –  “o coletivo não é nada senão o sujeito do individual. Mas, também, quer dizer que a psicanálise não está confinada ao consultório do psicanalista. 

Conceber as nossas jornadas como acontecimento de Escola contempla esta proposição: o analista está só, mas, com “o pé no Outro”. E, é neste viés, que propomos colocar a céu aberto o produto de nossas pesquisas, nossas reflexões sobre o discurso analítico e suas consequências e indagar sobre a relação do analista com sua época e seus efeitos no coletivo social. É mostrar a cara da psicanálise lacaniana à cidade.

A noção espacial-geográfica que localiza a prática analítica obedece a uma operação aparentemente simples: atrás do divã está o psicanalista, sobre o divã temos o analisando, mas sob o divã está a rua, a cidade, onde tudo acontece. A psicanálise na cidade, quer dizer, os psicanalistas na cidade e temos que tomá-la ao pé da letra. Na cidade é onde estão as pessoas, onde circula o desejo; é um espaço clínico onde acontece a vida do sujeito, seu sintoma, a história que ele narra no divã e é onde se abriga e se difundem os ideais humanos e as exigências fálicas da ordem social: trabalho, competência, dinheiro, sucesso, etc,  que a psicanálise põe em questão. E, é nesta cidade de Salvador, onde há 30 anos realizamos às nossas Jornadas, com temas que dizem respeito à prática analítica e que, acreditamos, interessaram e podem continuar interessando à comunidade daqueles transferidos com a causa analítica.

Mas, os bons resultados alcançados no curso destes 30 anos em que fazemos Jornadas, não devem ser tratados simplesmente como motivo de júbilo. Lembremos Freud (nos 10 anos de funcionamento do Instituto Psicanalítico de Berlim), quando disse: …“os resultados positivos não constituem motivo nem para se vangloriar nem para se envergonhar”; e agregou: … “é muito melhor recorrer à própria experiência individual”. Vamos então recorrer à experiência de cada um de vocês para contribuírem com trabalhos, com suas presenças e, sobretudo, com suas reflexões para atiçar o fogo d’As paixões do falasser

E assim, conceber as nossas Jornadas como pedaços do nosso jardim, que devemos bem cuidá-lo para florescer!

Salvador, 05/05/2024

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