Aléssia Fontenelle
Psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise
Eros e os avatares que encerra, sempre dão o que falar… Em sua íntima conexão com a fala, o discurso amoroso está sujeito à transformação dos significantes amos da época, que o inscrevem. Entre os enamorados, o falar de amor sofre modificações em sua expressão, mas sempre permanece o real que produz riscos e prazeres nos labirintos do amor. Assim, se evidencia um intransponível na relação entre os sexos, um muro que impossibilita que o laço amoroso se estruture pelo discurso, pois a parceria é sempre sintomática.
Desde essa perspectiva, o texto O novo no amor e o de sempre, interroga: o que há de novo na expressão do amor no século XXI e propõe que o novo do amor não se restrinja à Agonia de Eros que produz, de acordo com Byung Chul-Han, a deserotização da vida. Tampouco, se reduza à racionalização do amor, sua transformação em objeto de consumo que, segundo Illouz, pretende de múltiplas formas fazer existir a relação sexual. A declinação do simbólico e a elevação ao zênite do objeto a repercutem sob a forma de paixões desbordadas que não se articulam aos significantes amos. Frente `a deflação do amor, podemos pensar em um auge do ódio?
Por sua vez, o texto O gozo dela que poderia mudar ele, nos lembra que o sexo é acima de tudo, algo que se diz. Isso permite que o feminino seja abordado, não pelo lado da verdade, mas do gozo. Assim, a diferença entre homem e mulher não pode ser formulada a partir da perspectiva do ser, mas pela distinção entre duas formas de se posicionar diante da função fálica. Diferentemente da lógica masculina, baseada no universal, o gozo feminino não é fálico, não é localizado e tem afinidade com o infinito. O Outro gozo é obtido através do partenaire, e na cama? Para responder a essa questão, a autora traz diversas leituras.
Em Biblio-on, Eros emerge como promotor de desordem nas citações de Freud, Lacan e Miller.
Em tempos de Erosão do amor, o Enxame Cultural relança a questão sobre as novas modalidades de parceria-sintomática nas quais o virtual e o inanimado são tomados e reivindicados como objetos amorosos.
Na rubrica Rosa López: entre ditos… teremos a terceira parte da entrevista concedida à Marcelo Veras. A partir das perguntas elaboradas pela comissão do boletim, Rosa López aponta importantes eixos de discussão para nossa Jornada.
Por fim, gostaria de destacar que as imagens desse boletim são de autoria de Marcela Antelo e foram gentilmente cedidas para ilustrar o Erosditos#02
Resta-nos desejar a todos uma instigante leitura!