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Acolhimento

Estamos em contagem regressiva para a XXVI Jornada da EBP Bahia e a XXII Jornada do Instituto de Psicanálise da Bahia. O evento será transmitido pelo Zoom, sendo que os autores dos trabalhos e os coordenadores das mesas estão convidados para se fazerem presentes na nossa sede, um modo gradativo de incluir a presença dos corpos nos nossos eventos.

O coquetel dançante será o ponto de encontro presencial para todos os inscritos. Assim como no Banquete de Platão, no espaço aberto da cobertura do prédio da nossa sede, continuaremos a nos interrogar sobre Eros, amor, desejo e gozo, acompanhados por uma boa música, vinhos e empanadas. Nesse boletim, vamos acompanhar o delicioso texto de Marcela Antelo que apresenta as origens do bolero.


COQUETEL DANÇANTE: SUBLIME BOLERO

Terraço EBP-BAHIA 11/11/22, às 19 horas

O bolero é um gênero noturno, como o tango e como o blues. Se motiva na precariedade do amor e por essa razão seria melhor considerá-lo como pós romântico. Os historiadores ensinam que nem sequer nasceu romântico.

O bolero é poesia cantada, testemunhal, da mais extrema intimidade, uma espécie de crônica do amor que canta a dor e a delícia de amar, e desamar.

Há dois temperos fundamentais: por um lado a picaresca afrocubana necessária para a sobrevivência à exploração do colonizador, que sexualiza a lírica, que só depois, por erosão, se tornará romântica. Soma-se à sua potência social o fato de conduzir os pés para a dança, e lançar um corpo em direção ao outro, vagarosa e sensualmente, pele contra pele.

O bolero é, como disse um poeta, um abraço musicalizado. E claro, falta introduzir o rum, tudo isso regado a rum, para acabar de escandalizar o burguês.

O bolero criado pela movida popular se espalha a seguir por toda América, Latina e do Norte com a invenção do fonógrafo e do rádio no início do século XX. México, Puerto Rico, Haiti, Colômbia, Venezuela, Argentina, Brasil.

O nome vem da cópula da Europa do século XVIII com o corpo dos bantús africanos. O corpo que dá consistência ao bolero, moreno, escravo ou liberto, habitante de duas ilhas do Caribe, gera com colheres, um ritmo extremamente alegre. O ritmo e a percussão, protagonistas principais. Cuba principalmente, e Santo Domingo, República Dominicana, são o berço disputado do bolero, via latina, caribenha.

Resgatar o legado cultural, lírico e musical de uma América Latina ameaçada pela segregação e a violência nos empurra ao bolero. Face à erosão de Eros convidamos ao bolero, contra os muros, a favor do abraço.

Marcela Antelo
Diretora Geral da EBP – Seção Bahia