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Ressonâncias da live

O amor e suas errâncias: sobre a solidão e a erosão de Eros.

Marcelo Veras e Mônica Hage (membros da EBP- BA), através de uma live no Instagram, tiveram a oportunidade de realizar uma conversação com Ana Suy, autora do livro A gente mira no amor e acerta na solidão, quando puderam abordar o tema Erosão de Eros que orientou os eixos de trabalhos da jornada de novembro (IPB e EBP-BA).

A conversa, em tom leve, destaca vários pontos que giram em torno do amor. Mônica Hage inicia apontando que há muito esforço em falar de amor, porque é uma experiência que a gente sente no corpo. O Marcelo Veras contribui, dizendo que o amor enquanto fórmula não existe, senão não precisaríamos de tantas provas, provas de amor. Ana Suy esclarece que a solidão que ela se refere no livro, não se assemelha ao desamparo, ao estar sozinha/o, mas a uma construção do resto do amor, que nada mais é do que inventar um fazer a partir daquilo que não se completa. Dito de outro modo, a solidão como rechaço da castração é bem diferente daquela que surge como efeito do encontro com o amor. Encontro que implica em saber fazer com as diferenças, com a alteridade, com a estranheza em perceber no Outro aquilo que não se parece nada com um ideal, um ideal de amor.

Quando indagada sobre como seria a forma de um homem amar e de uma mulher amar, Ana Suy nos diz que todo amor é não-todo fálico, logo sempre tem algo do feminino em jogo. Por outro lado, os estereótipos que se encadeavam socialmente sobre o jeito da mulher o jeito do homem, vêm se dissolvendo. A mulher moderna já não é mais aquela do século XIX, que vivia para os maridos e filhos. Esta mulher, agora trabalha, vota, exerce seus direitos e isso convoca os homens a se reposicionarem. Os homens têm se interessado pelo tema do amor. Ela nos conta, que em seu Instagram, chegam várias mensagens de quem leu o livro e nelas também há muitos homens questionando como fazer para amar, como conviver com a solidão do desamparo, como conseguir estar numa parceria amorosa. E não existe fórmula. Talvez essa seja a maior questão e, também, o maior rompimento com o ideal, pois a amor surge em um campo não idealizado, mas que pode ser sustentado por uma certa tolerância do não-todo, da estranheza, do furo. De um Outro diferente de uma lista de atributos que deveria ter, mas não tem. Ninguém tem! O amor só é possível, justamente por não ter. Como diz Ana Suy: “para desejar é preciso não ter garantias”, embora isso cause muita angústia e medo da perda.

Os aplicativos de relacionamento, o impacto do discurso capitalista nas coisas do amor e a articulação indissociável entre amor/ódio foram tocados na conversação. Convidamos todos e todas para assistirem, na íntegra, esta live e poderem pensar junto conosco os ecos que ela pôde e pode causar em nós. Esperamos vocês em nossas jornadas, que acontecerão dia 11 e 12 de novembro para continuarmos falando de amor, erosão, Eros e tantas outras coisas que nos atravessem a partir deste tema. E o mais interessante de tudo isso, é que: sim, é possível amar!

Camila Abreu Costa (associada do IPB)

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