Atividade da Biblioteca da EBP/Bahia (2º semestre)
Raquel Matias1
As histórias de amor, assim os contos de fada nos assinalaram, começam com um
“Era uma vez…”.
Era uma vez, uma bela menina sem corpo, sem alma, sem nome, e sem uma tecelagem que tivesse a capacidade de produzir uma trama para unir todos esses fios em um só tecido. Havia também uma fera, com uma feroz produção que se fazia através de capturar cenas e contar histórias.
Mas um belo dia se fez o gesto, e do vazio surgiu Marilyn, e como um sopro de uma saia se fez Monroe. Mas permanecia vagando no vazio… Não havia consistência. E o amor seria capaz de lhe dar?
E assim foram tantos, um(A) Mulher para ser ad(Mirada)! Apenas o amor pelo olhar poderia tentar sustentar essa mulher em queda livre!
Arthur tinha a capacidade de capturar olhares… Que incrível! Mas o que era incrível para ela, que não tinha nem corpo, nem alma, nem nome? Será que esse Mil(ler) leria o que faltava a essa estrela? Ou sua luz o ofuscaria? A luz de Arthur ofuscaria a estrela? A luz de Arthur ofuscaria a ele mesmo?
Parecia que a luz da estrela era ultravioleta para ela mesma, nunca se enxergava… Produzia efeitos em todos, mas não era enxergada por si… E esse vazio, essa inconsistência foi o que insistiu, levando o amor (quase que de imediato) ao necessário, ao seu drama.
Era uma vez, um amor natimorto, porque não tinha recursos para plantar, regar, quiçá germinar… pois se fundou na mirada, naquilo de mais frágil que um laço pode ter.
De um lado, alguém perguntando por um enigma.
De outro, A Mulher Ad(Mirável), se fazendo de resposta, quando, na verdade só habitava o vazio.