O envio de trabalhos para as mesas das Jornadas estará orientado a partir de três eixos temáticos. São eles:
- Discurso da Histeria: discurso histérico e desejo em análise
Ao elevar a tipo clínico da histeria ao plano de um discurso, Lacan marca uma posição: a histeria não se reduz à um tipo clínico, constitui um modo de laço social. A variedade de manifestações clínicas do campo da histeria traduzem uma forma de fazer circular a interrogação dirigida ao Outro, seus significantes mas também o gozo encerrado por seus impasses. A histeria não somente deu luz a psicanálise, mas também à apreciação sobre o desejo e o gozo como pilares da experiência analítica. Tirar consequências do que está em pauta pelo discurso histérico no plano da prática do analista, é o mote desse eixo de trabalho.
- Discurso Universitário: saber em fracasso, fracasso do saber
“Diremos que o princípio do discurso [universitário]- é acreditar-se unívoco”[1], assim Lacan denota a estratégia empreendida por um discurso que tem o saber como o agente de suas operações. Um saber que não tem consequências além daquelas de manter uma espécie de impedimento à verdade, ainda que semi-dita. Um conhecer para não saber, poderíamos arriscar. Uma relação com o saber confirmatório das ilusões narcísicas está em jogo no laço empreendido pelo discurso universitário. Interessa-nos interrogar sobre os seus limites, ou seja, onde a armação unívoca com o saber demonstrar estar cheque e depõe os seus fracassos como testemunho do sujeito, do desejo e do gozo.
- Discurso do Mestre: os princípios do poder e a direção do tratamento hoje
Mestre soa “me-ser” em francês. Não é somente pelas referências à dialética do Senhor e do Escravo ou mesmo ao Pai como função que está alicerçado este discurso que opera pelo avesso do discurso do analista. O Discurso do Mestre pretende conferir uma consistência ao ser através da dominância do significante no lugar do agenciamento. Aquele que diz “Eu sou” o discurso do mestre é indutor de identificações e por extensão, de relações de poder. Nada melhor que reler o texto chave do ensino Lacaniano “Os princípios do poder” sob a leitura em retrospecção do discurso do mestre.