EDITORIAL
Iordan Gurgel – AME da EBP/AMP. Coordenador da Comissão de Divulgação da 23ª Jornada da EBP-BA.
Este segundo número do Boletim Persiana Indiscreta traz um texto de Pierre-Gilles Guéguen (O íntimo, o êxtimo, o discurso analítico), que sem dúvida vai direto ao ponto do tema da nossa Jornada. O autor considera inicialmente o íntimo literário, a partir do pionerismo de Rousseau, como um desafio de convocar a verdade – que andaria junto com a vontade de dizer o que o pudor e os semblantes exigem manter escondido – para fazer o Outro calar. A referência ao íntimo ressoa no registro do uso da verdade; mas no final das contas, é de um gozo que se trata. Já na experiência analítica, a verdade não se distingue da ficção, é irmã do gozo e só se expressa por um meio dizer.
O ÍNTIMO, O ÊXTIMO, O DISCURSO ANALÍTICO
Pierre-Gilles Guéguen – Psicanalista, AME da École de la Cause Freudienne (ECF-Paris). Membro da AMP
A literatura, através da moda da autobiografia, dá ao desvelamento do íntimo um valor público e estético. A psicanálise é também uma experiência onde o íntimo é convocado, mas não é tratado da mesma maneira, e o êxtimo, segundo o conceito inventado por Lacan e desenvolvido por Jacques-Alain Miller, possui ainda outro estatuto. De todo modo, seja qual for o modo de tratamento do íntimo ou do êxtimo, não pode haver psicanálise sem que a verdade seja posta em jogo. No seminário Mais, ainda Lacan notava “que o verdadeiro visa o real, esse enunciado é o fruto de uma longa redução das pretensões à verdade […] quanto à análise, se ela posa de uma presunção, é bem desta que ela possa constituir por sua experiência um saber sobre a verdade”…
TE DOU MINHA INTIMIDADE
Ivana Bristiel – Membro da Escuela de la Orientación Lacaniana (EOL-Buenos Aires) e da AMP
O que dá origem a este trabalho é uma pergunta – qual é o estatuto da intimidade hoje? – e uma afirmação – atualmente assistimos a uma nova transformação da intimidade. Segundo G. Wajcman, o íntimo é “um lugar de essência arquitetônica e escópica ao mesmo tempo: o espaço onde o sujeito pode permanecer e sentir-se fora do olhar do Outro. Um espaço de exclusão interna (…) onde o sujeito escapa à suposição de ser olhado. É a possibilidade de se esconder”.[2] O que o sujeito esconde dos outros, mas principalmente de si mesmo, pois ele não quer saber nada sobre isso, é seu gozo, um vacúolo que ele coloca como objeto êxtimo no Outro.
VIDRADOS NO OLHAR: O ÍNTIMO E SEUS LIMITES
Nayahra Reis – Psicóloga Clínica em Paris, Mestre e Doutoranda em Psicanálise pela Universidade Paris 8.
The Circle é um filme americano dirigido por James Ponsoldt e adaptado do livro homônimo de Dave Eggers (2014). Lançado em 2017, conta a história de Mae (Emma Watson), uma jovem que no auge dos seus 24 anos, encontra o emprego dos seus sonhos em uma empresa especializada na imbricação entre as novas tecnologias e as redes sociais, e cuja filosofia é a transparência suprema. Em um ambiente onde o limite entre a vida profissional e a vida pessoal não existe, pois esta separação é vista como desmotivação ao trabalho, Mae é encorajada pelo seu diretor (Tom Hanks) a participar de um projeto revolucionário, o TruYou. Este, como um tipo de espião…
CONVOCAÇÃO PARA ENVIO DE TRABALHOS
Convocamos vocês à escrita de trabalhos articulados com a investigação proposta. Receberemos os argumentos resumidos até o dia 10 de agosto de 2018 (máximo 1000 caracteres) e os trabalhos completos até o dia 30 de agosto de 2018, que não devem ultrapassar 5000 caracteres (incluindo referências), em letra Times New Roman tamanho 12 e espaço 1,5. Favor enviá-los para: ebpbahia@terra.com.br e em assunto colocar: Sobrenome, Argumento (ou Trabalho) 23 Jornada. No corpo do e-mail deverá aparecer o eixo temático escolhido…