Tânia Abreu
Membro EBP/AMP
Após quatro meses de intenso trabalho, chegamos ao último número do nosso Boletim!
Foram muitas crônicas, textos, imagens e arte, muita arte, para tratar tanta loucura, que entrou por tantos e variados meios!
“Giro”, no Português de Portugal, que dizer “bacana”, “legal”, “massa”! Assim entendemos que foi nosso Boletim nestes quatro meses! No Passe, dar um “giro” a mais, aponta para uma volta a mais… assim fizemos, giramos no mundo, na Bahia, no Brasil, sempre buscando mais, e, um pouquinho mais, o que há de crônico e de crônicas nas cidades, nas vidas, nos loucos, nos artistas e agora aqui estamos: esperando vocês nos dias 17 e 18 de novembro, para nosso encontro marcado!
Paixão ordinariamente louca
Marcela Antelo
AME – Membro da EBP/AMP
Se partirmos com Lacan da afirmação de que o corpo é coisa feita para gozar de si mesmo, parece inevitável incluir a paixão como via régia para verificar os efeitos de linguagem sobre o corpo, este corpo que goza. Através da paixão, dos mananciais vivos e profundos da paixão, como dizia Pascal, o corpo se agita e sacode a fadiga do pensamento, troca o ruminar pela eloquência da ação. No caso da indiferença e do tédio, paixões do Um, a troca não se realiza. Na ação da paixão, almeja-se alcançar o coração do ser do outro quando de amor e ódio se trata e o próprio grito quando a angústia, paixão maior, toma conta do corpo.
O diálogo ruidoso entre a arte e a psicanálise
Bianca Dias
Psicanalista e escritora
Convidada a apresentar uma questão tão vulcânica quanto delicada – o diálogo ruidoso entre a arte e a psicanálise – começo por embaralhar meu próprio lugar de enunciação de tal maneira que não me sinto previamente encaixada em nenhum lugar fixo: assumo minha deriva entre esses territórios como possibilidade de fricção ética.
É preciso lembrar do fundamental: mesmo que os artistas ensinem aos analistas, este é um enunciado que deve ser tomado com prudência pois não se faz análise a partir de uma obra de arte.
Graciela Brodsky entre “nós”
Ethel Poll
Associada do IPB
Graciela Brodsky é psicanalista em Buenos Aires , AME, AE 2012-2015, Diretora do Instituto clínico de Buenos Aires , Diretora da disciplina Clínica psicanalítica da Universidade Nacional de San Martin. É autora de vários livros entre eles, Loucuras discretas: Um seminário sobre as chamadas psicoses ordinárias(2011), além de inúmeros artigos publicados em diversas revistas de psicanálise .
Há muito tempo, a Escola Brasileira de psicanálise – Seção Bahia, acompanha a clareza e a simplicidade do seu trabalho , escrito e oral , sobre os mais diversos temas da clínica psicanalítica de orientação lacaniana.
Os tratamentos psicanalíticos das psicoses
Mônica Hage
Membro EBP/AMP
Como o título nos sugere, neste texto Laurent, ao fazer um percurso interessante atravessando toda obra de Lacan, irá destacar os diversos momentos dos seus ensinamentos sobre a clínica da psicose.
Os anos de 1950 foram marcados por uma profusão de tratamentos psicanalíticos das psicoses, e é quando Lacan intervém apontando para o que vem a ser uma “questão preliminar”: o retorno à Freud e às memórias do presidente Schreber. Lacan nos adverte que é preciso retornar à Freud antes que, ao interpretá-lo, se desvie demasiadamente dele.
Victor Abreu
Victor é artista de circo formado na Scuola di Cirko Vertigo, Itália. É co-fundador da Cia da Pegada, juntamente com Flávio Falcone, palhaço e psiquiatra.
Fernanda Dumêt
Associada do IPB
Posso assegurar tranquilamente que a maior loucura da minha vida foi ter seguido a carreira de artista circense. Quando eu me decidi, não possuía praticamente nenhum argumento racional plausível, apenas uma sensação muito forte que me impelia numa direção diferente de todas as que eu já havia imaginado pra mim, uma intuição ferrenha que não me deixava continuar com o “plano”. Dava medo, tinha muitas possibilidades de dar errado. Ao mesmo tempo, na minha curta vida adulta, eu me sentia livre, clarificado, como se tivessem reiniciado o sistema e toda a programação precisasse ser escrita novamente, numa nova ordem. Com o Circo eu podia me reinventar, me reconhecer e me ressignificar. Tinha me livrado de todas as caixinhas identitárias acumuladas durante a tríade escola-colégio-faculdade. Como quase ninguém tinha escolhido tal carreira, não existiam sábios amigos e familiares para me aconselhar sobre como conduzir minhas escolhas, quais seriam as minhas expectativas e o que eu tinha que fazer para alcançar a felicidade e ser bem sucedido. Estava à beira do abismo, de mala e cuia, confiante e sorridente, pronto pra me jogar no desconhecido, sem a mínima ideia do que me esperava lá embaixo.