Ethel Poll
Associada do IPB
Chegamos hoje à sexta edição do Boletim Cronicid@ades, apresentando um rico material que dá seguimento às nossas discussões sobre a temática da nossa jornada “Loucuras Crônicas”.
A rubrica Entrem… tantos tem o privilégio de contar com o texto de Antonio Beneti, intitulado A lógica da transferência na psicose. O autor marca a especificidade da transferência e seu manejo na psicose, afirmando não haver lugar para interpretação na psicose e sim manobras na transferência. Interpretação, completa Beneti, só a delirante, por parte do psicótico…
Lógica da transferência e psicose
Antonio Beneti – AME membro EBP/AMP
Na clínica da psicose, sob transferência, temos de nos referir a 2 textos fundamentais: “O caso Schreber” (Freud) e “De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose” (Lacan). E, à lógica do Discurso analítico articulando o sujeito psicótico e o Outro da linguagem.
Em Schreber encontramos sua relação terapêutica transferencial com seu psiquiatra, Flechsig. Que, inicialmente na posição de amado – num primeiro – será posto hostilmente na posição de um inimigo “ativamente” maldoso.
Duas posições subjetivas, na transferência, do sujeito psicótico. Efeito de suas posições de gozo no que Lacan chamou Automatismo mental (a/S2). Que as revela, enquanto sujeito, na sua relação com os “representantes encarnados”, desse Outro (Flechsig). Posição de objeto erótico gozado pelo Outro (erotomania de transferência/psicose passional)…
Exposição ” Uma Índia, dois olhares” de Sinísia Coni e Armando Correa Ribeiro
Poética do gesto , erótica do corpo
Marcelo Veras – AME membro EBP/AMP
Em um mundo tomado por telas e câmeras, é sempre um desafio fotografar a Índia de modo original. As fotografias da Índia me foram apresentadas, nos anos 90, através da dramaticidade em preto e branco de The Price of Freedom, obra de Raghu Rai, ícone da fotografia indiana. Aos poucos vieram as cores, e o país passou a revelar uma paleta inconfundível, talvez a mais vasta do planeta para um fotógrafo.
Marcelo Veras entrevista Bianca Dias
Nos últimos anos de seu ensino, Jacques Lacan tece novas perspectivas para uma clínica do real. Surge desse ensino uma nova perspectiva para a arte. Se, no Seminário da Ética, o Belo era a última barreira antes do pior, no Seminário 23 a arte pode surgir como “sinthomatização” que nos permite enodar os registros de nossa existência. Diante do insensato, a arte pode fazer suplência ao que faz furo no simbólico, a saber: a morte e a perda. Névoa e Assobio, da psicanalista Bianca Dias, é um delicado e quase diáfano tratamento do real de uma perda, é fazer escritura com o que não cessa de não se escrever. É desse encontro com o impossível que partiu o interesse do Boletim Cronicid@des por essa obra.